segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Admirável mundo novo: O livro


De fato, esse livro não se tornou uma referência em vão.

A história criada por Aldous Huxley surpreende por se manter atual (a primeira edição é de 1931), pela propriedade com que o autor cita referências histórias e, principalmente, pela noção futurista, que previa uma realidade aterradora.

O livro narra a história de uma sociedade teoricamente perfeita, na qual as pessoas são produzidas em laboratórios numa escala industrial e pré-condicionadas biologicamente a ter um tipo de comportamento e a aceitar todas as regras e leis impostas. Essa sociedade descreve o real conceito de distopia, pois o mundo "perfeito" se revela bem distante daquilo que a natureza humana em sonho idealiza


A sociedade é toda organizada em castas, então o tipo biológico da pessoa indica se ela pertence a uma casta inferior ou superior. A partir do nascimento, as pessoas também passam pelo processo de condicionamento psicológico, o que faz com que se sintam felizes com a posição que ocupam e os trabalhos que realizam. Por piores que sejam.


Os valores dessa sociedade são bem diferentes dos que regem a sociedade atual. Não existe o conceito de família ou de religião e a monogamia é considerada uma prática condenável. As crianças recebem educação sexual desde muito cedo.


A história se passa no ano 753 d.F. Os anos não são contados a partir de Jesus Cristo, mas a partir do nascimento de Nosso Ford em alusão a Henry Ford, o criador da linha de montagem, do processo industrial que revolucionou o capitalismo no início deste século XX.

Paralelo a essa sociedade perfeita existe uma reserva na qual vive uma sociedade ‘selvagem’. Ao longo da história são colocadas questões que comparam um mundo ao outro.

Um exemplo dessa comparação é a utilização de drogas, usadas nas duas civilizações com a finalidade de manter a estabilidade social através da fuga. Na civilização é consumido o Soma, na reserva o Peyotl e a Mescalina. A princípio a única diferença é que o Soma não traz efeitos colaterais indesejáveis como o Pyotl e a Mescalina. Depois se descobre que a utilização excessiva pode causar parada respiratória. Com esse caso em específico o autor sugere que a natureza humana é a mesma nos dois ambientes, que a diferença entre a civilização e a reserva é apenas aparente, apesar de toda a lógica da segregação e do repúdio pelo diferente, que é estimulada pelo sistema por meio da valorização do padrão.

Ao longo da história é possível observar várias referências do autor em relação ao contexto da época, como no caso do nome de alguma das personagens. Uma delas se chama Lenina, o que é uma referência a Lenin, ideólogo da revolução bolchevique e governante da Rússia de 1917 a 1923.
O responsável pela reprodução em série chama-se Henry Foster. Ele tem, portanto, um nome muito parecido com o inventor da linha de montagem (Henry Ford).


Personagens principais (fonte:wikipedia)

O Diretor: Um Alfa condicionado a servir à Fábrica.

Bernard Marx: Um Alfa-mais. Homem estranho para a Sociedade e curioso, que desejava em primeira instancia, relutar contra a Sociedade, procurando respostas, procurando sentir reais emoções. No entanto, revelou-se ao sentir o poder em suas mãos. Bernard Marx é a prova viva de que o sistema é falho. O álcool colocado em seu sangue artificial produziu uma variação indesejada: um homem de casta superior com características de casta inferior que recusa-se a usar soma e é capaz de criticar a sociedade em que vive e interessar-se por outras formas de organização social

Lenina Crowey: Uma Beta. Linda, "pneumática". Condicionada a não amar, porém entrega-se a uma paixão no decorrer da história.

Linda: Mãe do selvagem John, amante do Diretor. Teve de permanecer na reserva pois uma civilizada gorda e grávida era um ultraje à Sociedade.

John, o Selvagem: Filho de Linda e do Diretor. Curioso. Revela-se o personagem principal no decorrer do livro. Deseja ser livre. Deseja saber. Filho de uma civilizada, John é educado mas não aceito como selvagem. Civilizado para os selvagens e selvagem para os civilizados, John está desde logo sujeito ao isolamento.

Wilson Hendelholtz: Amigo de Bernard. Escritor. Desejava a liberdade artística.

Mostafa Mond: o Administrador. Um Alfa-mais-mais. Um cientista enclausurado em sua vontade de pesquisar o que não podia. Como Administrador Geral, sua função principal é de "censurar" toda obra que possa "agravar" a estabilidade da Sociedade.



Um comentário:

Ly disse...

Dica de leitura...Textos ácidos e sarcásticos, pra quem quer ficar por dentro dos assuntos políticos e dos últimos acontecimentos de forma leve.


www.mosaicodelama.blogspot.com

Boa leitura!