quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

E mais cinema...


Revi recentementemente esse documentário e acho que é um filme que vale a pena por muitas razões. Uma delas é o evidente peso que determinadas atitudes da mídia têm no contexto histórico .

Que a mídia estadunidense é cheia de problemas, ninguém dúvida. Que a mídia nos EUA é parcial e que declara abertamente seus pensamentos e suas ideologias, ninguém discute. Porém o filme “Fahrenheit 9/11” do diretor Michael Moore bota o dedo na ferida, e de maneira mais profunda.

Michael exibe ao longo das duas horas de documentário, fatos e histórias que deixam qualquer ser humano, mais ou menos informado, com uma interrogação na cabeça. “Será que tudo o que eu vi, li e ouvi era uma farsa? Uma armação?”.

Tudo começa em 2000 com a eleição que sucederia o presidente democrata Bill Clinton. De um lado estava o republicano George W. Bush e do outro o vice-presidente na época, o democrata, Al Gore. Numa eleição apertada e bastante tumultuada Bush venceu. O estado que decidiu a eleição foi a Flórida, que tinha como governador Jeb Bush (irmão do candidato presidencial) e que foi acusado de manipular a eleição e a apuração. Michael exibe em seu filme, telejornais que davam como certa a vitória de Gore na Flórida – o que resultaria na vitória do democrata. Entretanto, após CNN, CBS e diversos canais darem a vitória a Gore, a rede de tv FOX NEWS – onde o editor é primo de Bush – anunciou que quem vencera na Flórida foi o republicano George Bush. E como um efeito dominó, todas as demais mudaram suas notas, e retificaram, quem havia vencido parecia mesmo ter sido o republicano.

Deste dia em diante a frase “a mentira dita muitas vezes, torna-se verdade” passou a ser o lema do novo governo. E é nessa tecla que bate Moore. A imprensa estadunidense comprou a idéia de que o Iraque possuía armas de destruição em massa e que o Afeganistão era o responsável pelo atentado de 11 de setembro. Numa investigação simples – simples, se compararmos ao poder de uma emissora de TV ou órgão público – Michael Moore disseca o que rodeou o atentado e a invasão ao Iraque.

Fica muito claro no documentário que a imprensa foi mais um veículo de propaganda do governo do que um boletim de informações. Dados importantes, relações no mínimo curiosas, investimentos duvidosos e favorecimentos ilícitos foram omitidos; e a figura do “Bem x Mal” foi a bandeira erguida pela mídia. Muito parecida era a manipulação feita na Alemanha nazista, quando o ministro da propaganda de Hitler, Goebbels, entendia que através da imagem podia-se mobilizar multidões, e então a manipulava a bel prazer para fins obscuros.

Um comentário:

Unknown disse...

Interessante a analogia com o III Reich, esse tipo de comportamento, vale como dica, pode ser visto no filme "Mera Coincidência", quando De Niro e Hoffman criam uma guerra contra a Albânia apenas para vencer uma eleição. Ainda não vi o documentário de Michael Moore, mas verei e darei minha opinião!